Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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CIÇO FERREIRO E O VIAGRA.

Escrito por : Geraldo Bernardo em segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 | 6:18 AM


Por Geraldo Bernardo.

As coisas de hoje em dia,
pode botar qualquer cabra em precipício,
pois é muito difícil, ficar na beira de uma piscina,
enquanto um magote de moça,
cheia de perna,  seja grossa ou seja fina,
fuluteia de todo jeito, vestida num tal de biquíni.
Rapaz! Se o cabra não se previne,
vira uma desgraceira da moléstia,
 o sujeito pode até arranjar
um murro no meio da testa.
Mas, tem coisa que vem para o bem,
 até mulher seca hoje pode ter neném,
um bebê de proveta de qualquer
maneira se ajeita.
Zé da Bodega que não gerava nada,
hoje está com a mulher engarrafada.
Não se sabe se foi no laboratório
ou mesmo no escritório, mas diz o falatório
que a mulher de Zé depois que foi ao dentista
ficou boa dos dentes, agora parece
que foi Zé que ficou doente da vista.
São essas modernidades
que vão amofinando o sujeito,
mulher botando silicone em peito,
as saias já bem curtinhas
até comprimido de farinha a modernidade criou,
 foi aí que muito corno comprovou quanto chifre tinha.
Porém velho Ciço, que há muito tempo vivia,
com o fole meio baixo,
um dia quando vinha do riacho
teve uma idéia danada.
Não é que ele viu na beira da estrada,
numa folha de revista estampada,
 a foto de um comprimido azul,
daqueles que só tinha lá no sul
e faz a felicidade da velharada.
Pensou naquela mesma hora –  
é agora que minha senhora,
vai mudar de atitude, vou lhe mostrar minha saúde
e todo dia de madrugada, bem cedinho,
vou chegar de mansinho,
 feito cobra quando quer dá o bote,
 fungando no seu cangote
e nunca mais ela  vai me chamar de velhote”.
 E foi assim que o sertanejo,
num dia movimentado de feira,
comprou dois quilos de macaxeira,
uma rabada, um jerimum,
uma garrafa de cana e para se sentir muito bacana,
um desodorante Mistral, dois comprimidos de Viagra,
um trancelim pra mulher, um terço pra sua fé
e com muita atenção, comprou um fita gravada,
onde estava a canção
dos tempos de namorados.
Chegou em casa sem dizer nada,
foi deixando a lua sair,
E quando os netos foram dormir,
Ciço tomou umas lapadas de canas,
foi mais cedo pra cama,
só pra ter jeito do comprimido engolir.
Quando terminou a novela,
sua velha ajeitou na cozinha as panelas,
entrou no banheiro e banhou-se,
voltou pra cama de camisola e chinela,
rezou um terçou e deitou.
Ciço que não tinha dormido,
com o efeito do comprimido,
começou logo a fungar,  a  coitada mulher
sem nada ter sabido,
achou que o marido, estava tendo um ataque
e antes que ele manifestasse
sua real intenção ela gritou logo:
-         É o coração!  Ciço não pode beber!
Meu Deus! Acuda! Alguém, por favor, me ajude.
Os meninos se acordaram
e logo todos se prontificaram
de procurar um hospital para
livrar Velho Ciço daquele grande mal.
O coitado só não disse nada
porque estava muito ocupado
em esconder o que ninguém podia ver.
 E até agora estão todos sem saber
o que de verdade foi o ocorrido,
 o certo é que Dona Matilde
ainda cuida o marido
com um comprimido pequeno
colocado embaixo da língua.
 E hoje velho Ciço, que não sente nem uma dor,
nem uma íngua,
acorda de madrugada e quando
dá aquela mijada,
percebe que não carecia
dos dois comprimidos de Viagra.
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