Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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ASSOVIO DE CHAMAR VENTO

Escrito por : Geraldo Bernardo em segunda-feira, 4 de setembro de 2017 | 4:15 PM



Cresci colhendo no campo
Arroz, algodão e alfavaca.
Tomando leite de vaca
Antes de pegar no trampo.
Assistindo os pirilampos
Projetar grande invento
Eu tinha deslumbramento
Era escravo da fantasia.
Pra mim aquilo parecia
Assovio de chamar vento.

O milho ao ser debulhado
Traz junto alguma sujeira.
O feijão da mesma maneira
E o arroz mesmo pilado
Sempre fica misturado
Alguma palha ou fragmento.
A “arupemba” é o instrumento
Usado para a separação
Com jeito certo, direção
E assovio de chamar vento.

Vozinha, minha mãe e meu pai
Ensinaram-me a invocar,
Com harmonia fé e longo assobiar,
O vento que passando vai.
Em meio a seca nem folha cai.
Com força e pensamento
E a energia do momento.
Fico de olhos fechados
E flui nos lábios molhados
O assovio de chamar vento.

A cigarra não sabe imitar,
A ciência finge que não vê.
Para não explicar o porquê
Do ser humano domesticar
O vento, com um longo assoviar.
Sem algum planejamento,
Sem hélice ou encanamento.
Porém, coração e alma boa
É só o que fornece a pessoa
O assovio de chamar vento.

Não sei se a tal Inquisição
Combateu esse sortilégio.
Sei que tenho o privilégio
De ser de uma geração
Que domina a direção,
Ao seu inteiro contento,
Duma carreira de vento.
Quando eu sair deste mundo.
Quero levar o vagabundo
Assovio de chamar vento.






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