Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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MENINOS EU VI!

Escrito por : Geraldo Bernardo em terça-feira, 26 de setembro de 2017 | 9:00 PM



Numa tarde quente vi o futuro
E não era lá muito distante
Vi algo que foi muito agonizante.
Um túnel que saía da luz pro escuro.
Um soldado de cassetete duro
Espancando uma jovenzinha
Uma casa sem ter nada na cozinha
E um trabalhador desempregado
Eu preferia estar morto e enterrado
Do que saber do mal que se avizinha.

Vi passar o ano de dois mil e dezoito
No Brasil não haver eleição presidencial,
Milicos assumirem como emergencial
O Supremo e Legislativo afoito
Deram a essa medida foro e coito.
Protelaram o pleito com ar de cinismo
Alegando implantar o parlamentarismo
E em dois mil e vinte fizeram um pleito
Onde já se sabiam que o tal eleito
Era um carioca adepto do nazismo.

Gilmar Mendes, primeiro ministro,
Escolhido e o cargo era vitalício.
O povo passou a viver grande suplício
Pra negros e mulheres era sinistro
Só no livro contábil ter registro
Viraram então farta mercadoria
Mão de obra barata pra burguesia.
Pobre não entrava na faculdade
Ia ao trabalho já aos cinco de idade
E apenas uma merreca recebia.

Vi muita mulher morrer sem parir
Coqueluche, tétano e disenteria
Hospital e ambulância não mais havia.
Na rua ninguém mais podia se reunir.
Qualquer denúncia fazia você sumir
Internet ficou cara e limitada
Com a comunicação controlada
Verdade era só na rede globo
Contrariá-la? Ora! Ninguém era bobo.
Pois, ia parar numa cela gelada.

Vi o medo na cara das pessoas
E regojizo de gente safada.
Vi muito covarde em debandada
E alcaguete dedurar gente boa
Só os crentes pentecostais riam à toa
Eles gozavam de muita regalia
No Brasil era só quem tinha alegria
Realizavam tarefa importante
Curar gays e qualquer simpatizante
Para os pastores era a maior galhardia.

Vi a morte dos povos da floresta
E a fogueira queimar mãe de santo.
Vi a mãe, nas ruas banhada em pranto
Velar seu filho baleado na testa.
Contar muita coisa ainda me resta
No transe a imagem tanto ia quanto vinha.
Deus não quer o Brasil doente desta tinha
E eu espero ter sonhado o sonho errado
Eu preferia estar morto e enterrado
Do que saber do mal que se avizinha.














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